Armazém Companhia de Teatro

Conjunto teatral nascido em Londrina, Brasil, em 1987, e hoje radicado no Rio de Janeiro, a Armazém Companhia de Teatro faz questão de cultivar o espírito de jogo na forma de relacionar-se com o público. Isso vem desde a peça que originou o grupo, Aniversário de vida, aniversário de morte (1987), adaptação de Nossa cidade, de Thornton Wilder, quando atendia pelo nome de Companhia Dramática Bombom Pra Que Se Pirulito Tem Pauzinho.

alice_atraves_do_espelho_2_1331766958.jpg
Apresentação do espetáculo ‘Alice através do espelho’, em março de 2012, em comemoração aos 25 anos da trupe (Divulgação)
No espetáculo mais popular e lúdico da companhia, Alice através do espelho (1998), o espectador é transportado para o mundo paralelo criado por Lewis Carroll, cuja literatura corrompe noções temporais e espaciais. No espetáculo, o público transita entre realidades sensoriais, sonoras e tácteis em meio a paisagens que se comprimem ou se ampliam. A composição visual é fundamental para as encenações de Paulo de Moraes, diretor da companhia. Ele também costuma assinar cenografia e iluminação. A procura de um impacto plástico não ofusca o trabalho de ator, cuja ênfase está na expressão corporal, assim como no trato com a palavra. Tal equilíbrio é constatado, por exemplo, em A ratoeira é o gato (1993), a primeira montagem com projeção nacional, e se aprimorou na parceria de Moraes com o poeta e dramaturgo Maurício Arruda Mendonça, a partir de 1994. Tal parceria permitiu a intensificação da colaboração entre atores na sala de ensaio e a escrita de uma linguagem própria.

O espetáculo Sob o sol em meu leito após a água (1997), inspirado no épico indiano Mahabharata, apresenta uma estrutura circular em sua narrativa: começa pelo meio, vai ao final e retorna ao início. Da arte de subir em telhados (2001) coloca a memória no centro da ação. Os atores equilibram seus personagens literalmente sobre um telhado. A experiência resultou na produção independente, pela Armazém, do primeiro DVD e no teatro brasileiro. O espetáculo Pessoas invisíveis (2002) coroou o domínio de todos os elementos da cena ao recriar as histórias em quadrinhos do americano Will Eisner, sem prejuízo da poética – ou da condição patética – dos personagens demasiado humanos. A paisagem da cidade é fundida à solidão dos moradores. Em A caminho de casa (2003), o espaço urbano sofre uma implosão por meio de um homem-bomba, conforme os três atos que emendam uma crônica cruel do terrorismo em escalas pessoal e global. Teatro da dor, mas que não quer perder a ternura.

Estreia da peça ‘A marca da água’ em São Paulo, em fevereiro de 2013 (Mauro Kury/Divulgação)
Conteúdo relacionado
Teatro
Tá na Rua