No Brasil desde um ano e meio de idade, filho de imigrantes italianos pobres, Alfredo Volpi começou ainda jovem a pintar paredes e afrescos para a casa de ricos. Com essa experiência artesanal desenvolveu a técnica que conservou pelo resto da vida, baseada no uso de pigmentos naturais e na fabricação própria de telas e pincéis. Somente em 1914, executou sua primeira obra e, em 1925, começou a participar de mostras coletivas. Sua pintura até a década de 1930 foi marcada pela aproximação naturalista das formas e das cores, resolvidas por meio de gestos que lembravam ora o impressionismo, ora o expressionismo.
Sem ter frequentado cursos, Volpi partiu para a conquista da abstração geométrica, em uma pintura cada vez mais experimental e radical. Nos anos 30, participou do Grupo do Santa Helena, associação de artistas marginais, verdadeiros “operários da arte moderna”. Apenas em 1941 fez sua primeira exposição individual. Nos anos 40, iniciou um movimento rumo a uma abstração geométrica muito particular. Cada vez mais interessado nas paisagens das pequenas cidades próximas a São Paulo, e, em especial, em seu casario e costumes, abandonou progressivamente a perspectiva tradicional, simplificando e geometrizando as formas.
Em 1950, pela primeira vez, visitou sua Itália natal. Na volta foi acolhido pelo forte movimento concreto, alcançando reconhecimento nacional e internacional graças às Bienais de São Paulo – em 1951 apresentou obras na I Bienal e recebeu o Prêmio de Pintura Nacional da II Bienal. Participou ainda da III, da IV (com sala especial) e da XV bienais, além da XXVII Bienal de Veneza. Em 1957, teve sua primeira retrospectiva, no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro.
Nesse momento, as bandeirinhas das festas juninas, assim como os desenhos das janelas e portas das casas antigas, já se destacavam em sua pintura, tomando o espaço e apresentando-se tanto como formas puras quanto como emblemas de uma memória doce, comunitária e popular. A têmpera definitivamente se tornou a técnica adequada para suas construções de esquemas óticos puramente cromáticos, abstraídos nas variações infinitas de movimento e cor de suas bandeirinhas e fitas, peculiarmente iluminados, e assumindo paradoxalmente um ar desgastado e artesanal. Mesmo famoso, Volpi nunca abandonou o Cambuci, bairro em que cresceu. Em 1986, o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MASP) realizou a exposição “Volpi 90 Anos”.